6 Manoel de Barros Translations by Bruna Dantas Lobato and Flávia Stefani Resende

By and | 15 September 2022

Translations from Country Boy.

II.
Our knowledge wasn’t from reading books.
It was from grabbing from touching from listening and from other senses.
Could it be a primal knowledge?
Our words leaned on one another for love
and not for syntax.
We wanted the arpeggio. The song. The chirping of words.
One day we even tried to cross trees
with birds
to get that chirping into our words.
We didn’t get it.
We’re still waiting.
Though we’ve since learned spells and songs
and chirrups are also born out of first perceptions.
Though at the time we much preferred dirty words.
Like: I wanted to touch the wind’s butt.
Father said the wind has no butt.
About which we’re still frustrated.
But father encouraged our way of unlearning the world
our way of sending away boredom.
We didn’t like to explain images because
explaining pushed the voices of the imagination away.
We liked disjointed senses like
birds chattering as they ate pieces of flies
off the ground.
Some visions didn’t mean anything but were
verbal strolls.
We always wanted to award the butterflies badges.
We liked the loitering of words better than
grammatical prisons.
When the boy said he wanted to bestow his
pranks to the words even the snails supported him.
We leaned onto the afternoon as if the afternoon were
a lamppost.
We liked words when they disturbed
the normal sense of speech.
Those boys belonged to the red sky
like the birds.

II.
Nosso conhecimento não era de estudar em livros.
Era de pegar de apalpar de ouvir e de outros sentidos.
Seria um saber primordial?
Nossas palavras se ajuntavam uma na outra por amor
e não por sintaxe.
A gente queria o arpejo. O canto. O gorjeio das palavras.
Um dia tentamos até de fazer um cruzamento de árvores
com passarinhos
para obter gorjeios em nossas palavras.
Não obtivemos.
Estamos esperando até hoje.
Mas bem ficamos sabendo que é também das percepções
primárias que nascem arejos e canções e gorjeios.
Porém naquela altura a gente gostava mais das palavras desbocadas.
Tipo assim: Eu queria pegar na bunda do vento.
O pai disse que vento não tem bunda.
Pelo que ficamos frustrados.
Mas o pai apoiava a nossa maneira de descer o mundo
que era a nossa maneira de sair do enfado.
A gente não gostava de explicar as imagens porque
explicar afasta as falas da imaginação.
A gente gostava dos sentidos desarticulados como a
conversa dos passarinhos no chão a comer pedaços de
mosca.
Certas visões não significavam nada mas eram passeios
verbais.
A gente sempre queria dar brasão às borboletas.
A gente gostava bem das vadiações com as palavras do
que das prisões gramaticais.
Quando o menino disse que queria passar para as
palavras suas peraltagens até os caracóis apoiaram.
A gente se encostava na tarde como se a tarde fosse
um poste.
A gente se encostava nas palavras quando elas perturbavam
os sentidos normais da fala.
Esses meninos faziam parte do arrebol como
os passarinhos.

This entry was posted in TRANSLATIONS and tagged , , . Bookmark the permalink.

Related work:

  • No Related Posts Found

Comments are closed.